O dilema da demolição do Tobogã no Estádio do Pacaembu

O dilema da demolição do Tobogã no Estádio do Pacaembu

Um dos complexos mais conhecidos de São Paulo, o Estádio do Pacaembu, que nesse ano completa 81 anos, está sujeito a uma intempérie: a demolição do tobogã, uma área de plateia que fica em uma das extremidades do campo, chamada desta forma por parecer-se com um tobogã.

No projeto original ele não existia. Em seu lugar ficava a concha acústica e a estátua de Davi (réplica de Michelangelo). Mas, como o futebol é paixão nacional e os lugares existentes não eram suficientes, a concha foi demolida e a estátua foi transferida (hoje se encontra no bairro do Tatuapé).

O complexo era de responsabilidade da prefeitura de São Paulo, mas em Setembro de 2019 o então prefeito da cidade Bruno Covas (PSDB) assinou a concessão e privatização durante 35 anos para a empresa Allegra Pacaembu. A prefeitura alegou que o complexo rendia prejuízos milionários aos cofres públicos. 

Projeto vislumbrado pela empresa Allegra Pacaembu

Em janeiro de 2020 a empresa assumiu o compromisso, com a condição de não realizar eventos musicais ou religiosos. Visando lucrar mais, a empresa entrou na justiça para demolir o tobogã para a construção de um prédio comercial contando com estacionamento, café, escritórios e restaurante no terraço.

A Justiça de São Paulo impediu a demolição do tobogã, atendendo a um pedido da Associação Viva Pacaembu, que é tombado pelo Patrimônio Histórico.

O juiz Alberto Alonso Munoz, da 13ª Vara de Fazenda Pública, entendeu que o tobogã é parte de um complexo tombado em 1998 e que, por isso, não pode ser demolido. Além disso, estudos indicaram que a demolição afetaria a sala de ginástica abaixo das arquibancadas.

Os moradores da região foram imediatamente contra a iniciativa por entenderem que a área é tombada e deveria ser preservada. Associações de moradores ingressaram na Justiça para impedir a alteração. Antes disso, a Associação Viva Pacaembu também havia entrado na Justiça contra o processo de concessão.

Entenda onde fica o togobã neste mapa do estádio

Os frequentadores do complexo também manifestaram receio sobre uma eventual perda de gratuidade para acessar o complexo, sobre o uso de equipamentos, como a piscina, e pediram informações sobre o que se pretende fazer no local.

O estacionamento realmente passou a ser cobrado, mas a concessionária já adiantou que o local permanecerá aberto ao público todos os dias, por mais tempo do que o previsto em contrato e que só fechará o espaço quando alugar para eventos. A Allegra disse ainda que bastava que os sócios se recadastrassem no site para continuar a frequentar o complexo de graça.

A demolição do tobogã não impacta apenas a sala de ginástica ou somente os moradores da região. O Pacaembu conta histórias de nossos antepassados, pais, avôs… e se tudo for “modernizado” o que iremos contar para as próximas gerações?

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